Meu Deus
Eu finalmente cheguei onde deveria esperar para ver meu destino mudar mais uma vez. No entanto dessa vez tinha previsto e não poderia estar mais ansiosa, isso eu queria com todas as minhas forças.
Entrando no lugar uma angustia me afligiu, ele poderia perfeitamente não querer aquilo, mesmo que o tenha visto no meu caminho isso não significava que iria querer andar ao meu lado.
A lanchonete era um lugar simples sem muitos fregueses.
Escolhi a mesa em que sentava em minha visão, assim que ele virasse a esquina o veria.
Tudo que tinha que fazer agora era esperar.
O relógio em cima do balcão marcava 22:36, ele só chegaria as 23:03.
- O que vai ser? – A garçonete me perguntou.
Eu não comeria nem muito menos beberia qualquer coisa que ela pudesse me oferecer, mas não poderia ficar ali sentada na próxima hora sem pedir nada.
- O que você recomenda? – Perguntei sem saber o que pedir.
- Cheeseburguer e um refrigerante? – Ela me ofereceu sem se preocupar muito em me agradar.
- Pode ser.
Tudo que eu queria era poder vê-lo com meus olhos, as minhas visões não me permitiam saber de tudo que queria sobre ele. Eu queria saber como a sua pele era em contato com a minha, a sua voz era quando falava meu nome, queria saber se os seus olhos brilhavam como os meus com a possibilidade de ficarmos juntos para sempre.
- Seu pedido - Como as pessoas conseguiam comer uma coisa dessas nunca iria entender.
Ela saiu em direção ao balcão e começou uma conversa com o homem atrás dele sobre mim, mas não queria ouvir então desviei minha atenção para o relógio. Não estava com sorte a hora parecia não ter passado.
Eu sabia que aqueles 12 minutos não eram nada comparados com todos esses anos que passei longe dele.
Fiquei olhando a janela, logo ele estaria virando a esquina. Não estava longe podia sentir isso.
Suspirei profundamente, não que eu precisasse do ar, pensei que aquilo me deixaria mais calma, mas foi em vão ainda mais quando olhei para a esquina e ele estava lá parado, olhando para os lados, provavelmente decidindo o que iria fazer.
Nossos olhares se encontraram pela primeira vez mesmo com toda a chuva pude vê-lo com clareza, ele era tudo.
Cruzou a rua vindo em minha direção. Entrou pela porta e agora estava mais próxima do que nunca do meu futuro.
- Eu estava te esperando.
- Posso sentar? – Ele perguntou ainda me olhando.
Sua voz era perfeita, parecia musica e me envolveu completamente.
- Claro.
- Desculpe se me atrasei.
Éramos somente eu e ele e nada mais importava.
Ele era perfeito em todos as formas da palavra. Queria saber tudo, cada detalhe da sua vida. Nós éramos perfeitos um para o outro.
Estiquei a mão para tocar a sua que estava em cima da mesa. Quando minha mão alcançou a sua senti que tudo que eu precisava para continuar existindo era tê-lo ao meu lado.
- Eu posso saber o seu nome?
- Alice – Falei com a voz baixa – O seu?
- Jasper – Ele era todo perfeito até seu nome me dizia isso. Não consegui evitar sorrir e ele me olhou curioso – O que tem de tão engraçado em meu nome?
- Não é com seu nome, você deve me achar uma maluca.
- E porque acharia?
- Você entra em um restaurante e encontra uma mulher que diz que o estava esperando. Isso é difícil de acreditar – Falei ainda olhando nossas mãos juntas.
- Eu estou feliz por estar aqui com você – Olhei para os seus olhos imediatamente, eles pareciam aliviados como se estivesse perdido antes e agora tinha se encontrado, o que me deixou feliz e senti como se fosse apaixonada por ele minha vida toda.
Ele me olhava como se fosse capaz de ler meus sentimentos. Eu queria contar para ele tudo que estava sentindo, mas sabia que aquilo era absurdo, alguém não poderia se apaixonar assim só de ver a outra pessoa.
- Me fale de você – Disse tentando evitar aqueles olhos inquisitórios.
- O que quer saber? – Mexeu a mão deixando a sua em cima da minha, a cada toque dele me sentia mais protegida.
Perto dele tudo parecia ser possível e tinha a certeza que a felicidade que sentia agora era só o começo de tudo que poderia sentir com ele.
Ele me contou tudo sobre sua vida no sul, como foi transformado, a maneira que lutou todos esses anos e tinha perdido a certeza que estava do lado certo ou a certeza que a fazia a coisa certa. Sua vida me fascinava, ainda mais quando lembrava tão pouco da minha.
Ele ainda não tinha me perguntado sobre meus dias antes de hoje, sabia que era apenas questão de tempo logo também iria querer saber, mas quando isso acontecesse não saberia o que dizer, minha história era tão curta e cheia de buracos comparada a sua. Por um instante aquilo me aterrorizou, ele parou de falar e me olhou confuso.
- Qual é o problema? – Ele estava com a testa franzida e seus olhos ficaram agoniados como se refletindo o que eu sentia.
- Porque você parou de falar? – Perguntei tentando mandar a tristeza que me invadiu embora, quando senti uma onda do que parecia felicidade pura. Não consegui evitar e sorri, ele também sorriu e o olhei tentando entender o que tinha acontecido. Pareceu perceber minha confusão.
- Eu preciso te contar uma coisa – Ele falou me olhando ainda mais profundamente nos olhos – Eu só entrei aqui porque quando nossos olhos se encontraram pude sentir tudo que você sentia naquele momento.
- Quer dizer que você sente o que as pessoas sentem?
- Eu também posso fazê-las sentir o que eu quiser.
Eu apenas o olhava sem saber o que fazer.
- Isso é realmente incrível – Falava mais comigo mesma do que com ele, estava envergonhada demais.
- Você estava feliz, mas de repente se sentiu triste. Queria saber o que aconteceu se foi algo que eu disse.
- Não foi nada que você disse. Eu apenas me senti assim quando percebi que quando você me perguntasse sobre minha vida não teria nada a falar. Exceto que quando fui transformada o seu rosto e esse dia foi a primeira visão que tive.
Ele se levantou e jogou um dinheiro na mesa me estendeu a mão.
- Anda comigo? – Ele perguntou de toda aquela altura. Sorri e segurei sua mão, aquilo parecia tão certo e perfeito.
Saímos para a rua, a chuva tinha parado e se transformado em uma leve garoa fazendo as luzes da cidade cintilarem. Chegamos a margem do lago, ele virou para mim ficando de costas para o resto da cidade.
- Você é linda – Ele disse tocando meu rosto.
Se curvou e me beijou. Nosso primeiro beijo, senti como se o mundo fizesse sentido novamente, como se nada mais importasse. Era perfeito e tudo que eu queria era ver a eternidade passar bem devagar para poder aproveitar cada momento com ele.
Ele era tudo pra mim, meu anjo, meu guardião. Meu deus.